sexta-feira, 4 de maio de 2012

" Uma pessoa não precisa estar a vida inteira ao seu lado para se tornar única e inesquecível "
( Caio Fernando Abreu )

" De toda a minha literatura, você é a minha melhor página "
( Martha Medeiros )

" Não queri ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: Quero uma verdade inventada "
( Clarice Lispector )

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Meninos e Homens

Meninos te encaram, homens te olham.
Meninos te trocam por futebol, homens trocam tudo pra ficar com você.
Meninos pegam na sua bunda, homens pegam na sua mão.
Meninos te chamam de gostosa, homens te chamam de linda. Meninos te ignoram quando estão com amigos, homens te apresentam.
Conheço meninos de 30 anos, e homens de 15.

Comovendo o mundo

No fim
Está o começo
No começo
Está
"a fim"
De dizer
De fazer
De mover
E como
Ver 
Num segundo
Do relógio
A cena
Roda a vida
Na arena
Do circo
Uma roda
Tão pequena
Giramundo
Em poema
Em letra
Em canção
Comovendo
O mundo
Com Arte
( autor desconhecido )

Rola a chuva

Arre
que arrelia!

O frio arrepia
A moça arredia.

Na rua rola a roda...
Arreda!

A rola arrulha na torre.
A chuva sussurra.

Rola a chuva,
rega a terra,
rega o rio,
rega a rua.

E na rua a roda rola.
( Cecília Meireles )

Memória


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis 
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
( Carlos Drummond de Andrade )

Poema com pena

Fiz um poema
e não sei se vale a pena
poemar.
É um poema com pena
pena do céu
pena da terra
pena do mar.
Não tem mais pena de índio
Porque índio já não se acha em nenhum lugar.
Mas ainda tem
pena de arara azul
pena de galinha sem cabeça
pena de pato pateta.
Tem tanta pena 
pena até de travesseiro.
Só não tem pena nenhuma do burro
porque burro não tem pena
                                                                       ( Almir Correa )

Réquiem

Tô triste, tô mudo
E contra tristeza não luto
Contra tristezas não luto

Queria fazer
Uma canção dessa dor comum
Que pelos cantos eu mudo

Queria fazer
Uma canção como uma oração
Uma canção de luto
( Cesar Rossilho )

Saudade dada


Em horas inda loura, lindas
Clorindas e Belindas, brandas,
Brincam no tempo das berlindas,
As vindas vendo das varandas.
De onde ouvem vir a rir as vindas
Fitam a fio as frias bandas.

Mas em torno à tarde se entorna
A atordoar o ar que arde
Que a eterna tarde já não torna!
E em tom de atordoada todo o alarde
De adornado ardor transtorna
No ar de torpor da tarda tarde.

E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos
Nos santos lentos dos recantos
Dos bentos cantos dos conventos...
Prantos de intentos, lentos, tantos
Que encantam os atentos ventos.
( Fernando Pessoa )

Paraíso

O amor é como uma flor,
Onde o pôr do sol é o calor,
A lua é dos amantes,
E o ciúmes é o maior rancor.

Mas nada é como antes
Meu amor não é dos amantes,
Nem é tão belo como uma flor,
E o ciúmes não é motivo de rancor.

Meu olhar em seu olhar
Minha poca em teu sorriso
És meu amor, o meu paraíso!
( Luíza )

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo algum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão.
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota a gota do coração.


E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.


- Eu faço versos como quem morre.
( Manuel Bandeira )

A onda

A onda anda
Aonde anda
A onda?
A onda ainda
Ainda anda
Ainda onda
Aonde?
Aonde?
A onda a onda
( Manuel Bandeira )

O verdadeiro poder

         Era uma vez um guerreiro, famoso por sua invencibilidade na guerra. Era um homem extremamente cruel e, por isso, temido por todos. Quando se aproximava de uma aldeia, os moradores saíam correndo para as montanhas, onde se escondiam do malvado guerreiro. Subjugou muitas aldeia.
        Certo dia, alguém o viu se aproximar, com seu exército, de uma pequena aldeia, onde viviam alguns agricultores e, entre eles um velhinho muito sábio.
        Quando o pessoal escutou a terrível notícia de que o guerreiro se aproximava, tratou de juntar o que podia e fugir rapidamente para as montanhas. Só o velhinho ficou para trás. Ele já não podia fugir. O guerreiro, entrou na aldeia e foi cruel, incendiando as casas e matando alguns animais soltos pelas ruas.
         Até que chegou à casa do velhinho. O velhinho, quando o viu assustou-se. O guerreiro, sem piedade, foi dizendo ao velhinho que seus dias haviam chegado ao fim, mas lhe concederia um último desejo antes de passá-lo pelo fio de sua espada. O velhinho pensou um pouco e pediu ao guerreiro que fosse com ele até o bosque e ali lhe cortasse um galho de uma árvore. O guerreiro achou aquilo uma besteira: "Esse velho deve estar gagá. Que último desejo mais besta, mas, se esse é o seu último desejo, vou atendê-lo." E lá se foi o guerreiro até o bosque e com um golpe de sua espada, cortou um galho de uma árvore.
         - Muito bem - disse o velhinho. - O senhor cortou o galho da árvore. Agora, por favor, coloque esse galho na árvore outra vez.
         O guerreiro deu uma grande gargalhada, dizendo que aquele velho devia estar louco, pois todo mundo sabia que não era mais possível colocar o galho cortado na árvore outra vez. O velhinho, então, lhe respondeu:
         - Louco é você que pensa que tem poder só porque destrói as coisas e mata as pessoas que encontra pela frente. Quem só sabe destruir e matar não tem poder. Poder tem aquela pessoa que sabe juntar, que sabe unir o que foi separado, que faz reviver o que parece morto. Essa pessoa tem o verdadeiro poder.